quinta-feira, 26 de junho de 2008

Helena e Juno

Ellen Page é bem linda. Certamente, o sonho de todo dork que se preze. Não é muito feminina, tem gostos esquisitos, um certo orgulho mesclado a uma confiança que demonstram muito mais suas inseguranças do que propriamente a maturidade que ela se forja. Sim, uma mistura geek clichê e, por isso mesmo, irresistível. Um Bleeker jamais poderia não se apaixonar por uma MacGuff.

Na minha nerdice típica, fiz um apanhado de nomes clássicos que explicariam melhor essa fascinante mistura. Ela é Helena travestida de Juno. Tem a beleza irresistível de Helena, que fez todo um povo sustentar guerra por mais de dez anos contra uma cidade. E a insegurança madura e os olhos bovinos da Hera/Juno, nome de sua personagem, a deusa casada com Zeus/Júpiter, poderosa e influente, mas, no fundo, ciente da sua incapacidade frente a alguns fatos da vida.

Tenho uma boa e uma má notícia.

E não é que é isso mesmo? Aí estão as qualidades e defeitos de Juno. A tese do filme consiste numa inversão, revelada pela própria protagonista, numa das últimas cenas: é possível, num mundo de sexo fácil, clínicas de aborto que parecem lanchonetes fast-food, open adoptions, inverter totalmente o sentido de uma relação normal amorosa, engravidando para depois conhecer e começar um namoro com o pai de seu filho. Essa subversão, não é o próprio caminho de Helena, casada e infeliz com Menelau, descobrindo o amor com Páris e fugindo com ele? Uma atitude impensada e que jamais poderia acabar como acabou, não voltasse essa Helena, agora travestida de Juno, para os braços do mesmo homem com quem havia casado, depois que este venceu a guerra.

Certo, certo, estou trovando um monte de coisas aí no meio. Na Grécia não havia essas músicas irritantes que todo filme crescidinho tem que ter como trilha sonora e nem as milhares de referências pop que caem no vazio dentro dessa cacholinha aqui, que parou com essas coisas há eras. Tampouco Helena falaria com a “atitude” que o tempo todo essas teenagers têm que mostrar, como se estivessem se rebelando até contra o fato de respirarem. Muito menos o tal Menelau seria um herói só por usar um short dourado e parecer não ter certeza se o mundo gira em seu próprio eixo.

“Next time I see that Bleeker kid I'm going to punch him in the wiener.”

All things said, tem um monte de gente que vai dizer que é um poético e leve olhar sobre os problemas de uma adolescente que tem de enfrentar a maturidade através de uma gravidez precoce. Well, eu diria que ela começa mais madura do que eu esperava e termina muito menos. Outros dirão que Ellen Page merecia o Oscar pela interpretação. Eu diria que ela é uma Heleninha bem linda, pela qual dificilmente um dork não se apaixonaria, mas que as mãos dela são das mais horríveis que eu já vi.

Sinto saudades do meu Homero.

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