domingo, 22 de junho de 2008

Prometeu moderno

A noiva, toda de branco.

Um dos casos em que a seqüência é melhor do que o original. Não me lembro muito de Frankenstein além do “It’s alive! It’s alive!” e do grito irritante da criatura que eu não tenho o engenho nem a arte de reproduzir aqui em sinais. Era um filme que prometia horrores e cumpriu, no mal sentido. Juro que tentei ver com os olhos da época, mas só consegui imaginar que se tivesse sido feito no México 40 anos depois, o Sílvio Santos teria comprado e exibido na TVS com sucesso por mais de 20 anos.

Bride of Frankenstein, no entanto, parece rir de si mesmo o tempo todo (não é possível, por exemplo, que uma pessoa normal tenha um telefone numa masmorra, só para convencer seu prisioneiro de que sua mulher está viva). Karloff é uma imitação de Jeremy Irons (também, inevitável) mas pelo menos consegue passar um pouco mais de humanidade pela criatura, nem que seja nos fatídicos safanões que dá em todos do alto de suas plataformas (pelo menos por uns 15 minutos semanais eu queria ter esse magnífico poder) e pelas cinco ou seis palavras que consegue aprender na comovente cena da cabana. É, antes ele era maligno, agora ele só quer amigo e mulé, de preferência os dois no mesmo corpo. E não é isso que todos procuramos, afinal?

E por falar nela, Elsa Lanchester, a noiva, aparece muito pouco, mas o suficiente. Eu não sei quem teve a grande idéia de que uma defunta retornada à vida pareceria uma esquelética qualquer rebolando numa fashion week da vida, mas o maluco merece meu respeito. Com um penteado único, talvez criado pela confluência dos raios em seu cérebro, e uma stola de vestal romana, ela só sabe gritar, histérica, quando vê o Karloff-Irons indo pra cima dela babando, cheio de dedos (e ao mesmo tempo sem, well, you know). Mulheres...

He's about to be monstrous sad. "Wife, bad."

Mas o grande momento mesmo do filme é o prelúdio. Sob uma terrível tempestade, em um cenário mais kitsch impossível, Mary e Percy Shelley discutem com seu amigo Lord Byron, como ela, uma garota aparentemente inocente, juvenil, com medo da trovoada, pôde ter concebido uma história tããão horripilante, nas palavras do afetado Byron. A mesma Elsa Lanchester interpreta Mary Shelley o que é uma surpresa e tanto – que Percy não me ouça.

Uma coisa, no entanto, não deixa de me intrigar. Tudo bem, essa história de Prometeu é legal e tudo mais, mas poxa, existe uma maneira tão mais fácil e saudável de criar outra vida... Será que Mary estava insinuando ainda uma outra coisa? – que Percy não me ouça, novamente.

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